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Qual a origem do Dia do Administrador?

Saiba por que a data é celebrada hoje e descubra outros marcos importantes para a transformação da ADM em uma ciência e profissão

1. Introdução

No último Censo da Educação Superior, publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas em Educação Anísio Teixeira (Inep), em outubro de 2020, Administração aparece no terceiro lugar entre os 10 maiores cursos em número de matrículas. Relatórios de anos anteriores mostram que pelo menos em 2018 e 2009 Administração era a graduação com mais estudantes matriculados no Brasil. O que representa pelo menos uma década entre as faculdades mais procuradas do país.

Curiosamente, esse curso nem é tão antigo quanto a sua fama faz parecer. Idalberto Chiavenato, administrador, professor e autor reconhecido, sintetizou perfeitamente a história da Administração como uma ciência. No primeiro de uma série de vídeos do Conselho Regional de Administração de São Paulo (Creasp), ele, que também é conselheiro da instituição, fala que a Administração é uma jovem senhora com pouco mais de 100 anos.

Veja, se você fizer uma rápida busca na internet vai encontrar textos que começam nos anos 5000 mil a.C. e narram atividades realizadas pelos povos sumerianos. Entretanto, é só a partir da formação de um corpo de conhecimentos sistematizados, capaz de explicar categorias de fenômenos e fatos, formulados de forma metódica e racional, que podemos considerar a Administração como ciência.

Desse modo, assim como Chiavenato, optamos por reconstruir essa jornada a partir do momento em que engenheiros norte-americanos resolvem, no chão de fábrica, reduzir drasticamente os desperdícios para a empresa; o que coincide com a construção da Teoria da Administração Científica, formulada por Frederick Taylor, Henry Gantt e o casal Frank e Lillian Gilbreth.

Ao longo do desenvolvimento da Administração, percebe-se o quanto ela precisou importar conceitos das disciplinas eclesiástica e militar, da sociologia, da psicologia social e até da biologia.

2. Linha do Tempo da ADM

1759 - A primeira instituição a especializar-se no ensino da Contabilidade no mundo foi a Aula do Comércio de Lisboa. Apesar de ter sido fechada em 1844, ela foi responsável por fornecer um modelo para o desenvolvimento de escolas semelhantes patrocinadas pelo governo em toda a Europa.

1819 - É fundada, em Paris, a escola de negócios Escola Especial de Comércio e Indústria. A ESCP Business School ainda é a mais antiga do mundo.

1857 - A Budapest Business School, fundada em Budapeste, na Áustria-Hungria, foi a primeira escola de negócios pública do mundo, bem como a primeira escola de negócios na Europa Central.

1881 - Nos Estados Unidos, a Wharton School da Universidade da Pensilvânia foi a primeira escola de negócios.

1898 - Na costa oeste norte-americana, a Haas School of Business é estabelecida como a Faculdade de Comércio da Universidade da Califórnia e se tornou a primeira escola pública de negócios do país.

1900 - Foi fundada a primeira escola de pós-graduação em negócios nos Estados Unidos, a Tuck School of Business, no Dartmouth College. A escola conferiu o primeiro grau avançado em negócios, especificamente, o Master of Science in Commercial Sciences, antecessor do MBA.

1903 - O engenheiro norte-americano Frederick Taylor (1856-1915) sistematiza a disciplina científica da administração de empresas, caracterizada pela ênfase nas tarefas, com o objetivo de aumentar a eficiência ao nível operacional. O modelo ficou conhecido como Taylorismo ou Administração Científica.

1906 - O sociólogo alemão Max Weber apresenta a Teoria da Burocracia na Administração. A partir dela, integrou-se o estudo das organizações ao desenvolvimento histórico-social. Weber introduz uma análise voltada para a estrutura, na qual acreditava que a burocracia, na relação hierarquia social e autoridade, era a organização por excelência.

1911 - É publicado o livro "Princípios de Administração Científica". Na obra, Taylor propõe que administrar uma empresa deve ser tido como uma ciência. O autor defende que o trabalho deve ser racionalizado, e que isso envolve a divisão de funções dos trabalhadores.

1916 - A Teoria Clássica da Administração (ou Fayolismo), idealizada pelo engenheiro francês Henri Fayol, caracteriza-se pela ênfase na estrutura organizacional da visão do homem econômico e pela busca da máxima eficiência organizacional. Também é caracterizada pelo olhar sobre todas as esferas (Operacionais e Gerenciais), bem como na direção de aplicação do topo para baixo (da gerência para a produção).

1932 - Após a grande depressão, com a queda da Bolsa de Nova York, em 1929, os conceitos vigentes passam a ser contestados. As ideias trazidas pela Escola de Relações Humanas criaram novas perspectivas para a Administração, visto que buscavam conhecer as atividades e sentimentos dos trabalhadores e estudar a formação de grupos. A Teoria das Relações Humanas surgiu efetivamente através da Experiência de Hawthorne, realizada numa fábrica no bairro que dá nome à pesquisa, em Chicago, pelo médico e sociólogo australiano Elton Mayo.

1941- No Brasil, é criado o primeiro curso de Administração, na Escola Superior de Administração de Negócios – ESAN/SP, inspirado no currículo da Graduate School of Business Administration da Universidade de Harvard.

1946 - É fundada a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA/USP, que ministrava cursos de Ciências Econômicas e de Ciências Contábeis, onde eram apresentadas algumas matérias ligadas à Administração.

1947 - Surge a Teoria Estruturalista da Administração, a partir da qual os teóricos procuram interrelacionar as organizações com o seu ambiente externo, que é a sociedade maior, ou seja, a sociedade de organizações, caracterizada pela interdependência entre as organizações. Seus expoentes foram James Thompson, Amitai Etzioni e Peter Blau.

1951 - A Teoria Geral de Sistemas (T.G.S.) nasce com os trabalhos do biólogo austríaco Ludwig von Bertalanffy, publicados entre 1950 e 1968. Seu principal conceito é o de que o sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função.

1952 - É criada a Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, da Fundação Getúlio Vargas – EBAPE/FGV, no Rio de Janeiro. A primeira turma se formou em 1954.

1953 - A Teoria Sociotécnica (STS) propõe uma série de formas diferentes de alcançar a otimização conjunta. Via de regra, baseiam-se na concepção de variados tipos de organização, nos quais as relações entre elementos sócio-técnicos conduzem ao surgimento de produtividade e bem-estar.

1954 - A Teoria Neoclássica (nomenclatura utilizada somente no Brasil) tem como principal referência Peter Drucker, mas também inclui um grupo amplo de autores como William Newman, Ernest Dale, Ralph Davis, Louis Allen e George Terry. Seus conceitos básicos são: ênfase na prática da Administração; reafirmação relativa das proposições clássicas; ênfase nos princípios gerais de gestão; ênfase nos objetivos e resultados.

1954 - Cria-se a Escola Brasileira de Administração de Empresas de São Paulo – EAESP, vinculada à FGV. Este é o primeiro currículo especializado em Administração, que se tornou referência para os outros cursos surgidos no país.

1957 - A Abordagem Comportamental se desenvolveu nos Estados Unidos, acrescentando novos conceitos e variáveis para a teoria administrativa, principalmente, devido ao desenvolvimento das ciências comportamentais e da Psicologia organizacional.

A partir da década de 1960 – A FGV passa a ministrar cursos de Pós-Graduação nas áreas de Economia, Administração Pública e de Empresas.

1962 - Nasce a Teoria do Desenvolvimento Organizacional, com Leland Bradford. Ela se caracteriza por ser um esforço de longo prazo, que visa melhorar processos. Estimula o diagnóstico e a administração da cultura organizacional com a assistência de um consultor e usa tecnologias das ciências comportamentais, incluindo ação e pesquisa.

1965 - É regulamentada a profissão de Administrador no Brasil com a promulgação da Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965.

1972 - Teoria da Contingência ou Teoria Contingencial enfatiza que não há nada de absoluto nas organizações ou na teoria administrativa. Tudo é relativo e depende de uma relação funcional entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance eficaz dos objetivos da organização.

1973 - É criada a ANPAD – Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração, a partir da iniciativa dos oito programas de pós-graduação stricto sensu então existentes no Brasil. Em 2003, são 54 os programas associados. Esse crescimento na oferta de mestrados e doutorados no país, no período de 27 anos, forneceu as bases para a institucionalização de uma comunidade acadêmica sólida e profícua.

Dia do Administrador

A escolha desta data, 9 de setembro, como o Dia Nacional do Administrador é uma clara homenagem à assinatura da Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965, que regulamentou a profissão no Brasil. Ela também foi instituída pela Resolução CFA nº 65/68, de 09/12/68.